Revista Nova
As Conversas que são TABU NA CAMA
Eduardo Nunes, 33 anos, empresário e autor do livro Sedução – Uma Estrda de Mão Dupla
ALGUNS ASSUNTOS nasceram para ser abordados na sala, no restaurante, no carro, jamais dentro do quarto: entre os lençóis, eles têm o poder de estragar o clima mágico do sexo. Por isso, todo cuidado é pouco. A primeira grande lição que aprendi é evitar qualquer observação que possa deixar uma garota insegura na cama. Ao meu ver, nesse território nem o homem nem a mulher estão autorizados a fazer comentários que não sejam claramente elogiosos. Mesmo que a princípio pareçam brincadeiras privativas. Já pensou o cara dizer algo como “Você me lembra uma tigresa com essas estrias” ou “Acho o máximo apertar suas gordurinhas”? Nem pensar.
DA MESMA FORMA, sujeito algum vai gostar se, bem na hora H, a namorada disser que ele está precisando fazer uns abdominais, embora considere excitante alisar aquela barriguinha proeminente. São frases broxantes. A pessoa que ouve se sente feia, fica mal com o próprio corpo e não tem jeito: o tesão vai embora. Numa ocasião, uma namorada sussurrou no meu ouvido que eu estava ficando careca. Calmamente expliquei a ela que não era isso, que apenas tinha o cabelo muito fino. Mas esfriei no ato. Sensibilidade é o xis da questão. Se eu percebo que uma garota não se sente à vontade porque tem muitos pêlos no corpo, não posso dizer algo como “Nossa, como você é peludinha, toda macia!”
CLARO QUE VOCÊ já sabe que papos sobre antigos relacionamentos devem ficar bem longe dos lençóis. Mas talvez não saiba que mesmo críticas ao ex não são bem-vindas. Falar do indivíduo, mesmo que seja mal, significa que ele ainda ronda os pensamentos da menino. Há assuntos ainda mais perigosos. O cara está lá, numa transa animal com uma garota que conheceu há pouco tempo (e ainda nem sabe se terão futuro juntos), aí, de repente, ela vira e fala: “Case comigo” ou “Quero ter um filho seu”. Não dá, é completamento fora do contexto. Ainda mais que nós, homens, separamos direitinho sexo de amor. Na nossa lógica, sexo com amor é maravilhoso, mas também pode ser muito bom sem. Em outras palavras, durante uma transa não há necessidade de falar nada sobre o estágio em que a relação se encontra e coisas do gênero.
ACREDITE, nós, homens, nos interessamos pelo trabalho de vocês. Mas daí a ouvir reclamações do chefe, a discutir uma promoção, a conversar sobre isso na cama… Aliás, tudo o que faz parte do mundinho cotidiano fora do quarto não combina nem um pouco com a magia e o encanto que existe dentro dele. Imagine se eu digo que esqueci de colocar o lixo na rua ou deixei de pagar uma conta que vencia naquele dia? Vai parecer que estou com a cabeça em outra coisa, que não estou tão envolvido quanto ela no clima da transa. É desastre na certa!
SABE AQUELES PAPOS do tipo: “Que cara é essa?” ou “Por que você está assim, tão calado?” Às vezes a mulher faz esse tipo de pergunta com a melhor das intenções. Ma o sujeito, que está ali, quieto, curtindo o momento depois da transa, encara como censura. Acha que está sendo recriminando por isso. Também não valem críticas às fantasias sexuais. Ninguém, nem homens nem mulheres, deve levar pudores para a cama
SÓ PARA TER NOÇÃO do poder da palavra durante o sexo, vou contar um episódio que aconteceu comigo. Uma vez, fui até a casa de uma namorada, que agora é ex, e ela abriu a porta dizendo: “Entra, mas vamos fazer logo porque minha irmã saiu e volta daqui a meia hora”. Fiquei tão atônito e me senti tão pressionado que broxei total, de verdade. O melhor, entáo, é pensar bem no que vai falar nessar hora, sempre lembrando que a lógica masculina não é igual à feminina. Ou tudo pode terminar de uma forma completamente diferente do que você tinha imaginado.
Você tinha imaginado.